Prêmio APCA 2005 – Melhor Espetáculo de Animação

As desculpas que as crianças inventam na hora de dormir são o mote do espetáculo. Qualquer pretexto costuma ser válido para brincar mais um pouco: fome, sede, medo e até a insônia! Os dois clowns, interpretados pelos atores-manipuladores da Cia. Circo de Bonecos, reuniram todas essas justificativas – e várias outras – em uma única noite de insônia.

A falta de sono é também o motivo para a animação de objetos que contam pequenas e poéticas histórias. Assim, uma meia enroladinha vira uma ovelha… Um secador vira um lobo mau que corre atrás de porquinhos, que na verdade são tigelas! Uma cama beliche vira um barco pirata!

O fundamental neste procedimento, que sustenta toda a encenação, é que o movimento do jogo não é, particularmente, a transformação deste ou daquele objeto em particular, mas a possibilidade de criação, recriação e transformação de todas as coisas. Poeticamente, uma maneira de colocar o mundo em movimento. São leituras possíveis diante de um espetáculo que esconde por trás de sua aparente simplicidade uma engrenagem rica em estímulos à razão criativa, sejamos crianças ou não.

Inzoonia fala da disposição poética própria do mundo infantil, onde as coisas são o que são, mas, também, o que poderiam ser. É esta disponibilidade para o desdobramento da imagem banal em infinitas funções e sentidos que o espetáculo estimula, ao construir suas narrativas utilizando as técnicas de animação de objetos.

Inzoonia: um sonho bom…

FICHA TÉCNICA

ROTEIRO (2023):

  • Claudio Saltini

DIREÇÃO (original):

Verônica Gershman

DIREÇÃO (atual):

Claudio Saltini

ELENCO:

Claudio Saltini

Teka Queiroz

Fernanda Nunes

BONECOS E ADEREÇOS:

Claudio Saltini

CENÁRIO:

Claudio Saltini

TRILHA SONORA:

Henrique Sitchin

Claudio Saltini

DURAÇÃO:

47 minutos

FAIXA ETÁRIA RECOMENDADA:

Livre – a partir de 3 anos

TEMA:

Relacionamentos e brincadeiras infantis

CONTEÚDO:

Teatro de bonecos e objetos

Jogos infantis

GÊNERO:

Comédia

MODALIDADE:

Teatro infantil

 

TRAILER

 

HISTÓRICO

O espetáculo Inzoonia, de 2005, foi o segundo da trilogia Zoo-Ilógico, Inzoonia e Guarda- Zool, criados a partir da parceria com Henrique Sitchin e Verônica Gershman, cuja pesquisa era criar personagens em situações cênicas utilizando objetos do uso cotidiano transformados em bonecos. Em 2007, os espetáculos Inzoonia e Guarda Zool passaram a integrar o repertório da Cia. Circo de Bonecos.

ESTRÉIA:

2005 – Teatro Alfa Sala B

TEMPORADAS:

2006: Teatro Folha

2006: SESC Vila Mariana

2007: Teatro TIM – Campinas

PRÊMIO:

APCA – Melhor Espetáculo de Animação – 2005

 

CRÍTICAS

GUIA DA FOLHA DE S. PAULO
VEJA SÃO PAULO

O que a imprensa diz sobre Inzôonia

Kil Abreu (FENTEPP – 21/08/2007)

O mais provocante no trabalho da Cia. Circo de Bonecos é a capacidade de, sem grandes aparatos, sintonizar a sensibilidade infantil no que ela tem de abertura para a transformação da experiência, algo que em geral os adultos aprenderam a desaprender.

Quando se diz “transformação da experiência” fala-se da disposição poética própria ou mais comum ao mundo infantil, onde as coisas são o que são, mas, também, o que poderiam ser. É esta disponibilidade para o desdobramento da imagem banal em infinitas funções e sentidos que o grupo estimula, ao construir suas narrativas utilizando as técnicas de animação de objetos.

O importante é notar que tais técnicas, no caso, não são apenas instrumentos para a solução formal da dramaturgia, mas cumprem, elas mesmas, a tarefa de pactuar forma e sentido, meio e significado. É que, ao negar a representação mimética, “ao pé da letra” dos seus personagens e optar pela animação de objetos cotidianos, recriados magicamente em favor da narrativa, o grupo nos diz que as técnicas não são acidentais, mas essenciais ao fim pretendido, qual seja: pôr em funcionamento a máquina de imaginar, sabendo que na criança as oposições (objeto X personagem) não se negam, mas se aliam e se igualam.

Em Inzôonia o tema é o medo, em uma sequência de quadros nos quais as figuras de animais, ameaçadoras ou não, são inventadas pelos intérpretes a partir de apetrechos encontrados no quarto de dormir. A falta de sono é o mote para a animação dos objetos, que ganham a dupla qualidade de brinquedo e de brincadeira. Os manipuladores fazem ver neles, auxiliados pelos recursos cenográficos e de luz, a possibilidade de imitar não para reproduzir, mas para inventar.

O fundamental neste procedimento, que sustenta toda a encenação, é que podemos ver que o que está movimentando o jogo não é, particularmente, a transformação deste ou daquele objeto em particular, mas a possibilidade de criação, recriação e transformação de todas as coisas. Poeticamente, uma maneira de colocar o mundo em movimento. São leituras possíveis diante de um espetáculo que esconde por trás de sua aparente simplicidade uma engrenagem rica em estímulos à razão criativa, sejamos crianças ou não.

Kátia Calsavara (Guia da Folha – 5 a 11 de agosto/2005)

Lei de Lavoisier dá o tom em montagem

Uma meia enroladinha vira uma ovelha que solta a franga ao som de Bee Gees. Um secador de cabelo vira lobo que corre atrás de porquinhos, que na verdade são tigelas. Um urso de pelúcia gigante… Bem, é melhor não contar muito para não estragar as divertidas surpresas do espetáculo “Inzoonia”.

A criatividade da montagem, dirigida por Verônica Gershman, fica evidente em cada uma das passagens, do dialogo e da movimentação ágil dos atores aos efeitos de luz negra do final. Até o cenário é criativo: um beliche vira barco, e um biombo vira…

Dois amigos passam a noite em claro, só na brincadeira. Transformam as conversas em viagens, os objetos em brincadeiras. Enfim, tudo vira alguma coisa, parece desenho animado.

Em cena, Claudio Saltini e Henrique Sitchin, veteranos no teatro de animação. Os dois dão vida a objetos e bonecos desde 1990, quando estrearam “Truks – Bruxinha”, que ficou oito anos em cartaz. Desde então, o trabalho da dupla não para de ficar bom. No ano passado, arrasaram com “Zoo-Ilógico”.

 

Inzoonia foi eleito o Fato do Ano do Teatro Infantil de 2005.

Ilan Kow (O Estado de S. Paulo – 10/06/2005)

Nenhuma criança realmente conta carneirinhos e adormece. As que aceitam fazer cálculos à noite, bem na hora da história que o pai prometeu, ainda se exibem chegando logo ao 100. Mas rende boas piadas a lenda dos tufos de lã saltitantes! No espetáculo Inzoonia, Henrique Sitchin e Claudio Saltini colocam um carneiro feito de meias para dançar como o John Travolta de “Embalos de Sábado `a Noite”, numa vã tentativa de convencer o personagem de Claudio Saltini a dormir. Não consegue. Mas as crianças da plateia, embaladas pelas risadas, podem sonhar mais tarde com engraçadíssimos carneiros.